Exposições individuais
Organização das exposições individuais de Eduardo Matos e Nuno Ramalho - PÊSSEGOSpraSEMANA - 2003
Eduardo Matos
imagens
soma
no
plano
+ espaço
deEduardo Matos
Partindo do universo civil, dos seus códigos+ normas+ regras+ regulamentos+ leis+ constituições+ concebidas com o intuito de civilizar+ gerir+ regrar+ organizar+ a circulação+ os sistemas+ as comunicações+ as linguagens+ as organizações+ as instituições+ os governos+ os poderes e os indivíduos, Eduardo Matos torna-nos visível, por adição de imagens => em imagem-soma, os momentos+ os acontecimentos+ a historia+ a biografia+ a existência+ a vida que julgamos ser nossa ou por nós construída.
Na composição da sua obra (pintura + instalação) o(s) elemento(s) isolado(s), separado(s) ou anexado(s) e/ou agrupados, inscrevem-se no mesmo espaço/plano de composição. Estes elementos conectam-se e/ou desconectam-se, relacionam-se e/ou isolam-se, proporcionando uma leitura plural dos símbolos construídos pelo autor.
As suas imagens revelam um autor ciente da contensão autoral e da sua abrangência, bem como das limitações do acto criativo, afastado da ideia de liberdade.
As imagens-soma de Eduardo Matos são o resultado de processos tão distintos como o delinear+ contornar+ (re)desenhar+ seleccionar+ dispor+ hierarquizar, próprio de uma composição estética que arquitecta conceptualmente, já não, com base na pura imaginação+ devaneio+ sonho ou fantasia, mas numa acção estruturante em que o idear+ distribuir+ organizar+ planificar+ e (re)inventar com sensatez elucida o juízo+ o dito+ a opinião e a reflexão, inscrita e exposta no plano-espaço.
O exposto visual afasta-se do narrável, distancia-se da discrição+ da ilustração+ do relato+ do conto+ da fábula e da história.
São imagens descontínuas que constroem realidades+ verdades com as quais Eduardo Matos (se) permite (re)ver e (re)criar o real.
Nos seus trabalhos o artista associa o que é da esfera do privado e do social, questiona os processos de organização+ orientação+ gerência+ direcção e aprendizagem sem interferência estranha, bem como o teor do elemento de composição auto... , traduzido pela ideia basilar: por si mesmo.
Os arquitectados auto-sistemas; modelos de reverência, moldados e difundidos pelo molde democrático, são expostos de forma desintegrada.
Os arquétipos de referência como livre+ independente+ autónomo+ original e natural são questionados, o que é perceptível e se apresenta como real não o é, sendo apenas uma construção, uma imagem sugerida por múltiplas realidades.
Eduardo Matos torna-nos presente que “a estrutura da vida edificada na nossa época impede que o homem possa viver como pessoa” e viva “no meio da máquina” (a cidade) “de que é seu autor e sua vítima, onde nasce, vive e morre;” ele, “que a criou para o prolongar, para o servir para ser mais rico, para viver melhor, para ser feliz numa palavra”. (1)
A igualdade e a liberdade, como abstracções e utopias que são, sustentam discursos estandardizados que garantiram, e garantem, atitudes e escolhas previsíveis+ vontades e quereres padronizados+ decisões reguladas e vivências controladas para que o ser (ou o que resta dele) em existência, não seja mais que um número, um comum.
Este Comum, que tem direito à continuidade da sua existência e que (em princípio) se distingue dos restantes animais, por ter memória. Mas, porque é afastado do “poder de recordar, e acumular o seu próprio passado, possuindo-o e aproveitando-o; ele “nunca será um primeiro homem” (2); estando destinado a ser homem-massa(3).
O observador assiste na obra de Eduardo Matos á agonia da fracassada democracia, que ocorre num (neste) império homogéneo da vulgaridade, que a própria (democracia) ergueu, como tinha predito, na primeira metade do século passado, Ortega y Gasset.
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(1) in“A rebelião das massas” de Ortega y Gasset
(2) Primeiro homem- “É este tesouro único do homem, o seu privilégio e a marca. E menos riqueza desse tesouro consiste no que dele parecer acertado e digno de ser conservado: o importante é a memória dos erros não cometer sempre os mesmos.” in“A rebelião das massas” de Ortega y Gasset
Para Nietzsche este é o homem superior, o « de mais larga memória».
(3) homem-massa -“por toda a parte surgiu o homem-massa (...), montado apenas sobre umas quantas abstracções e que por isso mesmo, é idêntico de uma ponta à outra da Europa. A ele se deve o triste aspecto de monotonia asfixiante que a vida vai tomando em todo o continente. Este homem-massa é o homem previamente esvaziado da sua própria história, sem entranhas de passado, por isso mesmo, dócil a todas as disciplinas chamadas internacionais” in“A rebelião das massas” de Ortega y Gasset
Nuno Ramalho
ver para nada
Nuno Ramalho
Evento: exposição individual
Designação do evento: ver para nada
Autor: Nuno Ramalho
Área artística de intervenção: artes plásticas
Inauguração: 12 de Dezembro pelas 22.00h
Patente: 13 e 19 Dez. 22.00h>24.00h20, 20 Dez. 15.00h >20.00h
Local: PêSSEGOpráSEMANA
Contactos: Rua Antero de Qental, 133, Porto
José Maia tel: 93 32 88 141
Obras expostas:
(corredor)
(cópia da obra de Matt Mullican) - 2003
Sem Título - 2003
esmalte fotográfico
(sala preta, 1º andar)
Livro de Reclamações
2001-2003
som
(sala pequena, 1º andar)
sem título
2003
esmaltes fotográficos,
4 unidades
(quarto de banho, 2º andar)
sem título
2003
guache s/ parede